Pequenas e médias empresas, principalmente as mais novas, nem sempre conseguem se firmar no mercado devido à competição, falta de mão-de-obra qualificada e cultura empreendedora. Embora para muitos ainda soe estranha a ideia de se unir ao concorrente, o cooperativismo é uma das melhores alternativas para organizar e consolidar uma empresa.
Durante seminário realizado em São Paulo na última quinta-feira (12) pelo Sebrae Nacional, empreendedores de todo o país foram encorajados por especialistas de diversos segmentos a se associar uns aos outros para enfrentar a concorrência, ganhar poder de negociação junto aos fornecedores e exportar.
A Coopnatural é um exemplo de cooperativa que deu certo. Criada em 2003 por pequenas confecções de Campina Grande (PB), a associação conta atualmente com 23 empresas, gera 850 empregos diretos, produz 8 mil peças por mês (fabricadas com algodão orgânico colorido naturalmente), além de exportar para países da Europa e Ásia.
Maysa Gadelha, presidente da Coopnatural, afirma que trabalhar em conjunto oferece inúmeras vantagens. “Podemos atender volumes maiores de encomendas e diversificar a produção. Além disso, a troca de experiência é muito rica”.
Ivanildo de Queiroz, presidente da associação de supermercados Super Nossa, concorda com Maysa. Ele diz que as lojas pequenas não estão preparadas para barganhar. “Quando decidimos nos unir, o volume de pedidos aumentou, reduzimos custos administrativos e o interesse dos fornecedores em vender para nós passou a ser outro”.
Fundada há seis anos em Fortaleza, a Super Nossa ganhou espaço e se profissionalizou para melhor atender a clientela. O resultado foi positivo. “Desde o começo da iniciativa, algumas lojas cresceram 300% em volume de vendas e área. É claro que temos problemas, mas eles são resolvidos em conjunto”, afirma Queiroz.
Segundo Juarez de Paula, gerente da unidade de desenvolvimento territorial do Sebrae Nacional, a principal dificuldade das cooperativas é saber conciliar os interesses. “As associações são heterogêneas e reúnem empreendedores com visões de negócio diferentes. Há pessoas mais individualistas e outras que preferem se apoiar no grupo. Por isso, é muito importante saber ceder. O grupo deve escolher um líder que não aja somente em benefício próprio, mas que saiba mediar os desejos de todos”, afirma Paula.
O presidente do Sebrae Nacional, Paulo Okamoto, dá dicas para quem quer montar ou fazer parte de uma cooperativa. “Procure ler e ir a eventos sobre o tema, visite cooperativas de sucesso e pese quais serão as vantagens para o seu empreendimento. É preciso também que, em termos gerais, as expectativas dos membros do grupo sejam semelhantes. Caso contrário, as chances de dissolução são grandes”, diz.